ÓPERA REAL - REPETIÇÃO DO FIM DO MUNDO
Sinopse
Esta “Ópera Real: Repetição do Fim do Mundo” foi pensada para juntar no mesmo palco estudantes dos cursos de teatro e de música da ESMAE. Daí o enredo melodramático que opõe dois ramos da mesma família, de um lado os Ricci, ou Ricardo, linhagem de cantores, do outro os Enxovia, ou Paupério, clã de atores. Durante 4 atos, com saltos temporais de exatos 111 anos, acompanhamos as mortes e os nascimentos de membros desta grande família e perdemo-nos no labirinto de parentescos e laços de consanguinidade catastróficos do clã desavindo. O teatro é destruído em cada um dos atos: no I ato, em 1755, por um terremoto; no II, em 1866, por um incêndio; no III, em 1977, pela transformação em cinema de filmes pornográficos; e no IV, em 2088, pela transformação em campo de refugiados. Ficamos então a saber que, devido ao incumprimento de um pacto com o diabo, todo e qualquer membro da família que ponha o pé num palco está destinado a causar a destruição do teatro e, à sua escala, a repetir o fim do mundo. Nos três primeiros atos, o libreto tenta brincar com a história comum do teatro, da música e da ópera; no último, com o espaço cénico transformado num campo de refugiados que poderia ser na Ucrânia, na Síria, numa das costas do Canal da Mancha, em Melilla ou em Odemira, as coisas ficam aparentemente mais sérias. Se não acabou já, o mundo vai mesmo acabar já a seguir, as vezes que for preciso.
A fábula começa no início do Séc. XVIII, quando Baltasar, um dos dois gémeos de Querubim, vendedor de folhetos de cordel na Lisboa de 1755, e de Mariana, camareira do teatro de ópera, faz um pacto com o diabo para vir a ter um teatro. Enquanto o diabo esfrega um olho, o gémeo Baltasar, armado em espertalhão de costela saloia, assina em nome do irmão, Belmiro, e com isto troca as voltas ao demo. Belmiro nega a pés juntos ter assinado o pacto mas, por fraternidade, não denuncia o mano Baltasar. Satanás, sem conseguir cobrar a alma quer a um quer a outro, por não saber exatamente qual dos gémeos é qual (de tanto esfregar o olho, vê muito mal, como se sabe), faz uma birra dos demónios e passa a intervir diretamente, toda a vez que um deles pisa o palco, condenando-os a serem nada mais que epílogos e prólogos dos espetáculos que criam. O diabo não os deixará pregar olho até que o gémeo que assinou o contrato, seja ele qual for, ou um dos seus descendentes, revele quem é quem, e assuma e salde a dívida. Azar dos diabos, todos os descendentes se apresentam como gémeos, o que só atrapalha a ação.
Ato I
Um teatro em ruínas
1755. O terramoto arrasa a Ópera do Tejo. Um dos cantores líricos procura desesperado o seu melhor casaco. Os músicos e cantores chegam para ver tudo arrasado e deparam com um bando de saltimbancos a roubar a roupa que sobra dos guarda-roupas, em especial sapatos, para vender, e as telas dos cenários, para armar as suas tendas. São liderados por uma matriarca, Mariana da Enxovia, visivelmente grávida. O rei, que vinha incógnito para um rendez-vous com a cantora lírica Federica Ricci, fica para avaliar os estragos e promete erguer um novo teatro no mesmo lugar. Entretanto, com o esforço, rebentam as águas de Mariana da Enxovia. Federica, a prima donna, socorre a grávida. São dois gémeos saudáveis. Mas Mariana morre depois do parto. Federica Ricci fica com uma das crianças, e um dos saltimbancos, Donato Paupério, com o outro.
Ato II
Um teatro em chamas
1866. Na inauguração oficial de um novo teatro de ópera, que leva o nome de Federica Ricci, em homenagem à grande artista do século anterior, estala uma polémica entre republicanos e monárquicos, para grande desgoto de Marianinha, a bisneta de Federica, que, com certo esforço, pois está grávida, mesmo assim fez questão de atuar na cerimónia. Mariano Neto, também descendente de Federica mas por outro ramo, tenta subir ao palanque e ler O Enteado do Diabo, uma peça de teatro escrita pelo bisavô. É quando dão pelo incêndio. O teatro não chega a ser usado. No calor da ação, rebentam as águas a Mariana, que dá à luz trigémeas.
Ato III
Um cinema decadente?
1977. A revolução trouxe a democracia a Portugal, incluindo ao norte do país, conservador e católico. No Cinema São João, toda a família Ricci se junta para assistir à estreia do filme erótico realizado por João Ricci. Lá fora, um grupo de freiras apela ao boicote. A família escandaliza-se ao ver que os mais novos entram no filme como atores e atrizes, e querem impedir a estreia. Logo descobrem que aqueles rapazes e raparigas coincidentemente muito parecidos com eles, não são da família Ricci, mas antes da família Paupério. É então que concluem que todos são primos uns dos outros. A estreia é abençoada pela presença de um tio, frade franciscano, pregador da teologia da libertação e da lei do amor acima de todas as coisas.
Ato IV
Um teatro abandonado
2088. Num teatro usado para acolher refugiados de guerra, um casal de palhaços, membros dos Palhaços sem Fronteiras, tenta entreter os demais com os mesmos números estafados de sempre, quando chegam um grupo de jornalistas, empurrados pelos Capacetes Azuis, e um grupo de governantes e embaixadores. As mulheres apresentam as suas queixas, mas uma, Federica, está tão revoltada que não diz coisa com coisa. Está aparentemente grávida, o que é difícil de crer, dada a idade adiantada da mulher. Os Capacetes Azuis concluem que é uma bomba e a mulher uma bombista suicida. E é mesmo. O rebento dela explode, rebentando com os gémeos originais e o próprio diabo. Só sobra a memória do teatro.
Jorge Louraço/Libretista
Por fim, eis a Ópera Real - Repetição do Fim do Mundo, no seu corpus musical definitivo: quatro atos, quatro gestos que acompanham quatro centenas de anos, narrando as histórias de duas famílias que se vão desencontrando, ainda que habitem corredores distintos de um mesmo casarão (casarão? Não casarão?), corredores quase opostos do mesmo edifício emocional, alvenaria da alma e do espírito, que se conhecem não se conhecendo, que sabem da sua existência conjunta por terem ouvido falar, mas que ainda não encontraram tempos comuns de partilha, que precisam de conversar, de aprender juntas, de jogar os mesmos jogos, partilhar os mesmos brinquedos, de frequentar o pátio ao mesmo tempo, de esfolar os joelhos na mesma queda. De se contaminar. De adoecer juntas.
Nesta experiência, iniciada há um par de anos e agora reforçada pela colaboração com a ESMAD, colocam-se frente a frente, ou melhor dito, em sequência, duas famílias e quatro linguagens musicais distintas ao serviço de uma invenção dramatúrgica única, experimentando uma relação com a cena teatral, colocando a música no espaço, em narrativas canguru - atravessamos 333 anos de histórias e acontecimentos em pulos de 111, começando em 1755 e terminando em 2088 – que refletem, pelo libreto e pela respiração musical, a evolução dessas famílias, dessas específicas práticas teatrais e os espaços contentores dessas práticas e as revoluções sucessivas a que foram sujeitas ao longo deste tempo.
Concluir qualquer processo de criação é (quase) sempre um momento de grande felicidade. Neste caso e neste processo, a felicidade é tripla porque o espetáculo percorrerá três salas diferentes e, por elas, conhecerá outros ouvidos e olhos, de gente menos identificada com a nossa natureza de escola, adensando um processo de crescimento que sendo o habitual num estabelecimento de ensino, mormente artístico, aqui conhece um reforço significativo.
Que seja um cartão de visita. Bonito.
António Durães/Encenador
ELENCO
(Alunas e alunos da Licenciatura, dos Mestrados e da Pós-graduação em Ópera da ESMAE)
I ATO
Música - Telmo Marques
Personagens:
D. JOSÉ I, o rei embuçado (Tenor Heróico) - Henrique Lencastre
DONATO BUFÃO, o Paupério, domador de animais de circo (Ator) - Gustavo Gil Godinho
PADRE, capelão, um pouco ébrio de início (Baixo) - Erick Valverde
MARIANA PAUPÉRIO, a matriarca dos Paupério (Mezzo-Soprano) - Júlia Anjos
BRIDA PAUPÉRIO, a Paupério mais desabrida (Atriz cantora) - Rita Gama
SABINA PAUPÉRIO, a Paupério mais sabida (Atriz cantora) - Isabel Gundana
FRIDA PAUPÉRIO, a Paupério mais fingida (Atriz cantora) - Maria Duarte/Bárbara Quintais
JOÃO MUDO, o Paupério mudo (Ator) - Maria João Gomes
BELMIRO ENXOVIA, cantor (Tenor) - Cliff Pereira
FEDERICA RICCI, parteira improvisada (Soprano) - Beatriz Patrocínio
SALVADOR RICARDO, esposo de Federica (Barítono) - Miguel Soares
II ATO
Música - Eugénio Amorim
Personagens:
MARIANINHA RICARDO, cantora, neta de MARIANA RICARDO (soprano leve com alguma coloratura) - Beatriz Ramos/Joana Santos
VITTORIO RICCI, cantor, bisneto de FEDERICA e SALVADOR (Tenor) - Henrique Lencastre
MARIANO NETO, ator, neto de MARIANO PAUPÉRIO (voz intermédia) - Miguel Soares
VISCONDE, brasileiro de Torna-Viagem (Baixo-Barítono) - Erick Valverde
MARGARIDA RICARDO, gémea de ROSA, prima de MARIANINHA (Soprano) - Catarina Santos
ROSA RICARDO, gémea de MARGARIDA, viúva, prima de MARIANINHA (Mezzo) - Maria Duarte
LIBÉRIA, gémea de CAMÉLIA, bisneta de MARIANA PAUPÉRIO (Atriz) - Isabel Gundana
ILDA PULGA, modelo do busto da República (Atriz), FOTÓGRAFA - Maria João Gomes
CEGO - Gustavo Gil Godinho
CAMÉLIA - Bárbara Quintais
IIIº ATO
Música - Carlos Azevedo
Personagens:
VÍTOR MARIANO, realizador (Barítono) - Gustavo Gil Godinho
TÂNIA PAUPÉRIO, gémea de VÂNIA, modelo e atriz (Soprano) - Bárbara Quintais
VÂNIA PAUPÉRIO, gémea de TÂNIA, modelo e atriz (Soprano) - Maria João Gomes
ZÉZINHA PAUPÉRIO, modelo e atriz, muito parecida com JOANA - Lioba Vergely
MILU RICCI, cantora da Rádio (Soprano) - Ana Rosa
PÊPÊ RICARDO, playboy e ator (Tenor) - Henrique Lencastre
ANA RICARDO, gémea de MARIA, farmacêutica, mãe de JOANA (Soprano 1) - Catarina Santos
MARIA RICCI, gémea de ANA, professora, mãe de SARA e MARIANA (Soprano 2) - Rita Gama
SARA RICCI, gémea de MARIANA, estudante (Soprano) - Beatriz Patrocínio
MARIANA RICCI, gémea de SARA, estudante (Soprano) - Joana Santos
JOANA RICARDO, estudante, parecida com ZÉZINHA (Soprano) - Beatriz Ramos
TIO MÁRIO MAGNO, produtor (Baixo-Barítono) - Miguel Soares/Ricardo Rebelo da Silva
TIO CHICO, abade franciscano (Barítono) - Erick Valverde
RELIGIOSA 1 (Soprano) - Isabel Gundana
RELIGIOSA 2 (Mezzo-Soprano) - Maria Duarte
RELIGIOSA 3 (Mezzo-Soprano) - Júlia Anjos
SEMINARISTA (Tenor) - Cliff Pereira
Cameraman - André Fernandes
IV ATO
Música - Dimitris Andrikopoulos
Iª PARTE - Ana Rosa, Bárbara Xavier Quintais, Beatriz Ramos, Beatriz Patrocínio, Catarina Santos, Erick Valverde, Gustavo Gil Godinho, Henrique Lencastre, Isabel Gundana, Joana Santos, Júlia Anjos, Lioba Vergely, Maria Duarte, Maria João Gomes, Miguel Soares, Rita Gama.
2ª PARTE - Sopranos solistas - Ana Rosa/Beatriz Patrocínio
ENSEMBLE ORQUESTRAL DA ESMAE - ÓPERA REAL
(Alunas e alunos da Licenciatura e dos Mestrados da ESMAE)
Violino I - Pedro Rebelo
Violino II - Hugo Oliveira
Viola - Francisca Bonacho
Violoncelo - Raquel Mota
Contrabaixo - Gil Pereira Morais
Flauta - Ana Sofia Machado
Oboé - Ana Beatriz Martins
Clarinete - Mariolys Rivas Garcia
Fagote - João Gigante
Trompa - Laura Maria Henriques Ferreira
Trompete - Pedro Tafulo da Costa
Trombone - Tomás Cunha Gomes
Percussão - João M. Quinhentas, Sofia Carvalho Costa, Pedro Ferreira Castro
Piano - Joana Morant, Marta Nabais
FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Direção Artística - António Salgado
Direção Musical - Jan Wierzba
Encenação - António Durães
Apoio Dramatúrgico - Jorge Louraço
Direção de Cena e Produção Executiva - Anita Magalhães Faria
Assistência de Direção de Cena - Lara Soares
Design de Luz - João Fontes, Bernardo Correia
Som - Daniel Leitão
Assistência de Som - Jorge Vasconcelos
Cenografia - Helder Maia
Assistente de Cenografia - Carolina Lyra
Video Mapping - Beatriz Nogueira
Animações - Beatriz Paiva
Figurinos - Raquel Ribeiro
Assistente de figurinos - Cristina Gil
Equipa de Camarins - Beatriz Veríssimo, Luar Barbosa, Rafa Alves, Francisca Marinho , Lili Sousa, Rafaela Amen Costa
Correpetidores - David Ferreira, Joana Morant, Marta Nabais
Apoio Técnico - Bruno Pacheco, João Matos, Mónica Melo, Filipa Carolina, Carlos Neves
Coordenação de Produção - António Salgado, Cláudia Marisa
Produção Executiva - Nísia Araújo, Rui Araújo
Materiais de comunicação e divulgação - António Gorgal, Joana Gonçalves
Coordenação Executiva Ensemble Orquestral - Jorge Alves, Nuno Pinto
Direção Vocal - António Salgado e Rui Taveira
Coordenação, área Direção de Cena e Produção - Regina Castro
Coordenação, área de Luz - Diogo Franco
Coordenação, área de som - Marco Conceição
Coordenação dos Media Interativos - Luís Leite, Rodrigo Carvalho, Hugo Mesquita
Coordenação de Figurinos- Manuela Bronze
Uma Produção da ESMAE e do Estúdio de Ópera da ESMAE
APOIOS E AGRADECIMENTOS
Suave Clima, Lda
ESMAD
Helena Alves
ÓPERA E REAL(IDADE) NA ESMAE
A fundação do Ópera Estúdio da ESMAE esteve diretamente ligado à criação da Pós-Graduação em Ópera e Estudos Músico-Teatrais da ESMAE que veio preencher uma lacuna há muito tempo existente no panorama nacional na área da formação especializada em ópera, nas suas diversas vertentes, e na sua relação intrínseca com o processo de conceção, produção, realização e apresentação do espetáculo-ópera. A ESMAE, e a transversalidade do conjunto dos Departamentos e mais valias aí existentes - Música, Teatro, Dança, Música Antiga e Serviços Audiovisuais - surge por essa razão, no panorama das escolas superiores e universidades portuguesas, como o lugar privilegiado para a produção e criação de ópera em Portugal, ao nível do Ensino Superior.
A primeira temporada de ópera da ESMAE foi inaugurada em 2012 com a produção e criação do espetáculo constituído por duas obras Brechtianas - Mahagonny Songsspiel e Os Sete Pecados Mortais - de Kurt Weill/Brecht, com a direção de António Durães, e que teve como palco a Casa das Artes de Famalicão. Em março 2013, o Estúdio de Ópera apresenta L´Enfant et les Sortilèges de Maurice Ravel, pelo mesmo encenador, no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto; maio de 2013, The Fairy Queen, de Henry Purcell, apresentada no Mosteiro de Tibães, com encenação de Sara Erlingsdotter; em junho de 2013, Dialogues des Carmelites de Francis Poulenc, na sala preta da ESMAE, encenação de João Henriques; em julho de 2013, A Flauta Mágica de W. A. Mozart, é encenada pelo mundialmente reconhecido encenador de ópera, Peter Konwitschny, e é apresentada em tournée nacional no Coliseu do Porto, no Theatro Circo em Braga, na Casa das Artes de Famalicão, e no Centro Cultural Vila Flor, Guimarães; em dezembro de 2013, o espetáculo Dolorosa Speciosa com música de Vivaldi/Bach, é apresentado na Igreja das Taipas, no Porto, com encenação de Cláudia Marisa. Em março de 2014, o Ópera Estúdio apresenta A Hora Espanhola de Ravel, no THSC, Porto; e em junho de 2014, O Auto da Índia, ópera contemporânea dos jovens compositores Leonor Abrunheira, José Tiago Baptista, Jorge Portela e Bruno Ferreira, com texto de Gil Vicente, no THSC. Seguem-se: Spekularis, criação coletiva com direção de Marcos Barbosa, no THSC, em abril de 2015, e em maio de 2015, Ópera dos Três Vinténs de Kurt Weill/Brecht, no THSC, com encenação de A. Durães. Em julho de 2015, a primeira ópera europeia Ordo Virtutum, de Hildegard von Bingen, é apresentada nos Claustros do Mosteiro São Bento da Vitória/TNSJ, Porto, com encenação de Cláudia Marisa. Em março de 2016, o Ópera Estúdio apresentou o espetáculo, criação coletiva, A Audição, no Teatro Vilarinha, no Porto, com direção conjunta de A. Durães e C. Marisa, e que se repetiu em Março de 2017. Ainda sob a direção conjunta dos mesmos encenadores, em maio/junho, de 2017, apresenta-se em itinerância, a ópera Così fan tutte, de Mozart, no Teatro de Portimão, no Teatro de Castelo Branco, na Casa das Artes de Famalicão e no THSC, no Porto, com direção musical de António Saiote. Em julho, o espetáculo Cântico dos Cânticos, Cantata Cénica contemporânea de Isabel da Rocha, foi apresentado na Igreja da Misericórdia, Porto, sob a direção cénica de Cláudia Marisa e direção musical de Pedro Monteiro. Em dezembro de 2017 apresentou-se, ainda no THSC, a obra Artistas da Fome, espetáculo original com música de João Loio e texto de Karl Valentin. Em junho a estreia do espetáculo Graditur - A Poetisa Eleita, uma performance em espaço público de Caminha e ligada ao percurso dos Caminhos de Santiago, segundo o conceito de Opera and Landscape, e dirigida por Sara Erlingsdotter, com música e poesia medieval sob a direção musical de Hugo Sanches; em julho de 2018, a estreia moderna no Porto, no Teatro Nacional de São João (transcrição de David Cramner) da ópera de Marcos Portugal, La Donna di Genio Volubile, em coprodução com o TNSJ, com encenação de António Durães e direção musical de José Eduardo Gomes.
Através da atividade do seu Ópera Estúdio e da Pós-Graduação em Ópera e Estudos Músico-Teatrais, a ESMAE tornou-se desde 26 de maio de 2013, Associated Partner do ENOA – European Network of Opera and Academies e, desde 2016, parceira da rede alargada da European Opera Academies (EOA). O Ópera Estúdio da ESMAE, entretanto, começou a definir diretrizes para que, a partir de 2019, tenha sido posta em prática uma política de produção de óperas de libretistas e compositores portugueses, permitindo a internacionalização das suas produções, a troca de experiências e do livre trânsito de alunos e docentes na Rede de Academias da EOA. A investigação em torno da ópera portuguesa e do seu legado histórico e contemporâneo, levou à descoberta, criação e produção da ópera já referida de Marcos Portugal em 2019, e sua edição em DVD, a que se seguiu em 2022 a opereta de Francisco de Sá Noronha, com libreto de Artur Azevedo e que foi levada à cena em maio, nos Teatros: THSC, Porto, Casa das Artes de Famalicão e Coliseu do Porto. Nesta ordem de ideias está a produção e criação da Ópera Real (com libreto de Jorge Louraço e música de Telmo Marques, Eugénio Amorim, Carlos Azevedo e Dimitris Andrikopoulos) que terá estreia absoluta a 12 de maio de 2023, no THSC, Porto, a 19 de maio na Casa das Artes de Famalicão e a 22 de junho no Coliseu do Porto.
António Salgado/Coordenador da Pós-graduação em Ópera e Estudos Músico-Teatrais da ESMAE