De 9 a 13 de julho, o Teatro Helena Sá e Costa será o palco do Festival Made in ESMAE, um evento que pretende celebrar e enaltecer a arte da percussão através de uma série de recitais, concertos e palestras. Organizado pelos alunos de percussão da ESMAE, o festival promete uma programação diversificada, com a participação de RePercussion Trio, Drumming, o Grupo de Percussão da ESMAE e o Grupo de Percussão do Conservatório do Porto.
O Made in ESMAE não só proporciona um espaço para a apresentação do talento dos alunos da ESMAE, mas também fomenta a reflexão sobre a evolução e a história da música para percussão, relembrado autores esquecidos, como Johanna Bayer. As palestras e recitais oferecem um espaço para o diálogo entre músicos, compositores e o público, promovendo um intercâmbio de ideias e experiências.
Programa
9 de julho (terça-feira)
21h00: Concerto - RePercussion Trio
10 de julho (quarta-feira)
21h00: Recital - Sofia Costa
22h30: Recital - Bruno Silva
11 de julho (quinta-feira)
21h00: Concerto - Tacet Feminil (peças de Johanna Bayer, Olívia Silva, Ângela da Ponte) - Grupo Percussão da ESMAE + Drumming
22h30: Concerto - Drumming: César Camarero (biografia sonora)
12 de julho (sexta-feira)
17h00: Palestra - "As tradições musicais na obra para percussão de Jose´Evangelista", por Joan Pons Carrascosa
13 de julho (sábado)
17h00: Concerto - Grupo de Percussão do Conservatório do Porto
18h00: Concerto - Grupo Percussão da ESMAE
Drumming, Grupo de Percussão
Vocacionado para a música contemporânea e de portas abertas a todos os mundos sonoros, o Drumming Grupo de Percussão, fundado e dirigido por Miquel Bernat, percussionista e pedagogo de prestígio internacional, afirma-se como um dos mais importantes coletivos do género a nível internacional, desde o seu surgimento em 1999.
Foi grupo residente da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura e atua com regularidade nas mais conceituadas salas nacionais das quais se destacam a Fundação Gulbenkian, Teatro Nacional São João, Culturgest, Centro Cultural de Belém, Teatro Rivoli, Serralves, Casa da Música. No estrangeiro apresentou-se em Espanha, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Suíça, Rússia, Brasil, Chile, Argentina e África do Sul.
O Drumming GP desafia a inovação sonora propondo espetáculos de caráter diverso, sustentados pela sua coerência estética e unidade poética que unem a música à vertente cénica e outras formas de arte, com o foco de inquietar o público e criar novos tipos de concerto, sempre com uma narrativa muito sólida. O grupo viaja da percussão erudita ao jazz, passando pela electrónica e o rock e tentando igualmente desenvolver música de cena para teatro, ópera e bailado. A sua constante atividade criativa conta também com as vertentes didático-pedagógica e social.
O Drumming GP é pioneiro na criação de uma orquestra de timbilas (instrumento tradicional africano e antepassado da Marimba) que tanto interpreta as músicas de tradição oral (de origem Moçambicana), como músicas concebidas por compositores contemporâneos que escrevem especialmente para o grupo. Criou também o primeiro ensemble de steel drums (instrumento tradicional de Trindade e Tobago) da Península Ibérica baseado também nas duas vertentes: tradicional e experimental.
Na sua constante atividade e criação de música contemporânea, em parceria com compositores e artistas conceituados, o Drumming encomendou e estreou, desde 1999, dezenas de obras e tem, por isso, contribuído significativamente para o crescimento do repertório para grupo de percussão e outras formações com percussão. Devido a este facto, o grupo conta com uma obra única e personalizada e actuou já com muitos outros agrupamentos e solistas, dos quais se destacam Ivan Monigueti (violoncelo), Glen Velez (percussionista), Sérgio Carolino (Tuba), e Edicson Ruiz (contrabaixo Orquestra Simon Bolivar/Filarmónica de Berlim).
Na discografia do grupo constam: Unreal Sidewalk Cartoon (Bernado Sasseti + Drumming GP), Estrenes a la Pedrera da revista cultural NEXUS da Fundació Caixa Catalunya (2008) com música de Agustí Charles, Pocket Paradise (2009) dedicado à música de Jesus Rueda, Step by Step (2013), com música de António Pinho Vargas, Mares (2016), com composições de António Chagas Rosa (considerado o melhor disco do ano pelo O Público em 2016), Horizonte Ondulado (2017) de José Manuel López López, A Liturgia dos Pâssaros (2019) homenagem a Olivier Messiaen de Daniel Bernardes, Arquipélago de Luís Tinoco (1º prémio PLAY de música clássica 2020), Textures&Lines (2020) uma criação do Drumming com Joana Gama e Luís Fernandes, Peixinho-Patriarca-Percussão (2021) do Jorge Peixinho e E. Patriarca, etc. No próximo 27 de novembro serão lançado em Serralves Play-Off (2022) de Vasco Mendonça.
Para além da sua pró-atividade ao nível da criação de novos espetáculos, fomentação de compositores e criadores sonoros da atualidade, o grupo trabalha e explora, desde a sua criação, a qualidade, personalidade e inovação do seu som, colaborando também na invenção e configuração de instrumentos ou baquetas únicas contribuindo para o aprimoramento e evolução deste meio.
Fonte: drumming.pt
Tacet Feminil
Drumming & Johanna Beyer, Olívia M. Silva, Ângela da Ponte
Nova Iorque, anos 30. A cidade faz-se oficina do mundo. J. Cage, Lou Harrison Henri Cowell…. Edifícios que se esticam para o céu e as artes em expansão para o infinito. Entre esta elite de compositores revolucionários, está a alemã Johanna Beyer. O primeiro punho a escrever música electrónica, Beyer lida e trabalha com os maiores pensadores do seu tempo. Uma compositora radical que imagina música a solo, de câmara e sinfónica, metade realidade, metade sonho.
Nunca ouviu falar dela? Não admira. Quase ninguém ouviu. Na verdade, pouco mais se sabe sobre Johanna Beyer. Morre pobre e solitária em 1944 e o seu trabalho cai no esquecimento imediatamente após a sua morte.
Em jargão musical, o termo latim tacet utiliza-se quando um instrumento não toca durante um período significativo de tempo. No caso de Johanna Beyer, a sua voz tem sido um tacet total. O seu pensamento pioneiro antecipou largos anos algumas das experiências mais ambiciosas da música, e nem assim persistiu na memória. Johanna Beyer sempre foi, afinal de contas, uma mulher à frente dos homens do seu tempo.
Este projeto NanoDrumming . Tacet Feminil quer dar fim ao silêncio de Johanna e a outras compositoras do nosso tempo no ponto neurálgico estratégico que é a juventude e a educação: as Escolas do Ensino Artístico Especializado de Música de Portugal. O Drumming em estágio para jovens músicos e percussionistas visa desenvolver uma prática de trabalho profundo e em conjunto na música de câmara e fazer conhecer repertórios esquecidos.
O repertório a trabalhar será composto por várias peças de Johanna Beyer. A este repertório juntar-se-ão algumas peças de compositoras atuais com as que o Drumming tem estabelecido uma colaboração: Ângela da Ponte, Camila Menino, Olívia Silva…
(...)
Obras de Beyer serão tocadas lado a lado com obras de compositoras portuguesas que honrarão a compositora e criadora pioneira esquecida.
Em 2024, começará o declínio do Tacet de Johanna Beyer (e outras mulheres)
(Miquel Bernat, a partir das notas de programa do Martín Sousa Tavares para o concerto Johanna Tacet do Drumming-GP no Lux de Lisboa.
Composição VIII*,
Olivia M. Silva**, 2024
Esta peça foi inspirada na obra com o mesmo nome de Wassily Kandinsky. Assim sendo, os elementos principais da obra de Kandinsky estão associados a elementos musicais que se repercutem ao longo da peça. Elementos visuais como os círculos e triângulos e a estrutura formal da pintura de Kandinsky foram a base para a estrutura formal e criação de elementos musicais, que são espacializados e variados.
Um dos elementos mais importantes da obra é, igualmente, o movimento dos músicos como parte integrante e parte do vocabulário expressivo, estando interligado com os elementos musicais e criando uma coreografia própria, inspirada igualmente na obra de Kandins.
Olivia M. Silva
Sound Diaries*,
Ângela da Ponte, 2024
“Sound Diaries, nasceu do desafio proposto pelo Miquel Bernat em escrever para os Drumming. Num setup simples e reduzido, próximo do que Johanna Beyer usou nas suas obras, a peça explora um conjunto de ideias que já tinha pensado para esta formação e agora pude concretizar. A disposição do grupo em palco salienta um aspeto cada vez mais presente no ato de compor – o espaço como elemento dramático.”
Ângela da Ponte
Fonte: Drumming.pt