Jornadas de Práticas de Investigação em Artes: Olhar, Pensar, Sentir, Escutar
16 e 17 de janeiro 2025 (quinta e sexta-feira)
Centro de Cultura Politécnico do Porto
Durante os próximos dias 16 e 17 de janeiro de 2025, o Centro de Cultura do Politécnico do Porto acolhe a 3ª edição do encontro anual de estudantes e investigadores em artes, promovido pela ESMAE, Centro de Cultura P. Porto e pelo centro de investigação CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical). As Jornadas de Práticas de Investigação em Artes consolidam-se como um espaço de debate e descoberta, promovendo a interdisciplinaridade e estimulando a criatividade e inovação no seio da comunidade artística e académica do Porto. A entrada é livre.
Organização: ESMAE, Centro Cultura. PPORTO e CESEM
Programação
16 de janeiro (quinta-feira)
9h30 - 10h15: Daniel Moreira -Consonância e dissonância: uma visita guiada a um aspeto central da minha investigação artística (2009-24)
10h15 - 11h00: Diogo Carvalho - ? > < ! : Questões e avanços (mas também recuos) na criação-prática colaborativa e multidisciplinar
11h00 - 11h30: Coffee Break
11h30 - 12h15: Laeticia Morais - Separata Inseparável do Mundo
12h15 - 13h00: Bruno Pereira - Uma voz-corpo em relação com intuição e impulso
13h00 - 14h30: Lunch Break
14h30 - 15h15: José Quinta Ferreira - A Produção Cinematográfica de Longas-metragens e Séries de Ficção na Região Norte de Portugal - Subvenções para um estudo sobre práticas, estratégias e sustentabilidade.
15h15 - 16h00: José Alberto Pinheiro - Imagem e Tecnologia – Uma História de Violência
16h00 - 16h30: Coffee Break
16h30 - 17h15: Dimitris Andrikopoulos - Tradição e contemporanidade. Uma abordagem pessoal através de duas obras recentes.
17h15 - 18h00: Nuno Peixoto - Projeto Raízes - Canções Feirenses: uma proposta de expansão interdisciplinar
17 de janeiro (sexta-feira)
9h30 - 10h15: Ângela da Ponte - Band on the Balcony – new sonorities, enriched communities
10h15 - 11h00: Rui Dias - TRADIGITAL – Sinopse
11h00 - 11h30: Coffee Break
11h30 - 12h15: Gilberto Bernardes - The Geometry of Equal Temperament
12h15 - 13h00 Nuno Pinto - A Mediação da Criação.
13h00 -14h30: Lunch Break
14h30 - 15h00: Ema Ferreira
15h00 - 15h30: Marco Moura
15h30 - 16.00: Catarina Ribeiro - Form(a)ção Criadora - Calendulário ou uma experiência morfológica de criação musical
16h00 - 16h30: Coffee Break
16h30 - 17h00: Marco Pereira
17h00 - 17h30: João Ferreira - A Importância de Retroceder: uma retrospetiva para a mudança de paradigma
17h30 - 18h00: Ruben Borges - Práticas Colaborativas de Composição Aplicadas
Daniel Moreira
Consonância e dissonância: uma visita guiada a um aspeto central da minha investigação artística (2009-24)
Nesta apresentação, exploro alguns aspetos da relação entre consonância e dissonância na minha música, a partir de um conjunto diversificado de exemplos de obras compostas entre 2009 e 2024. Ainda que eu tenha também analisado essa relação em contexto mais teórico (por exemplo, no âmbito da minha tese de mestrado e de alguns artigos sobre música de cinema), nesta apresentação concentro-me na investigação prática que tenho desenvolvido em torno desta matéria — pelo que mais de metade da sessão será preenchida a ouvir música. Os exemplos que apresento revelam diferentes abordagens, em que consonância e dissonância são "afinadas" não só através da harmonia mas também do timbre e da textura, e em que servem não apenas propósitos "puramente musicais", mas também intenções expressivas alinhadas com textos poéticos, contextos históricos, imagens ou filmes. Discuto também influências e referências subjacentes às minhas abordagens, umas mais gerais (como a música espectral), outras mais específicas (uma peça de Haydn, um filme de Hitchcock, uma série de Lynch).
Diogo Carvalho
? > < ! : Questões e avanços (mas também recuos) na criação-prática colaborativa e multidisciplinar
O que significa ser compositor hoje? Quais são as motivações para criar música e quais modelos e processos orientam essa prática artística? Estas são as questões centrais desta comunicação, que reflete as inquietações que emergem na transição do contexto académico para a prática artística independente, quando o compositor entra num vasto oceano artístico, onde tudo parece possível, mas também incerto. Este momento marca uma transição desafiadora: como transformar a bagagem técnica e teórica adquirida numa prática artística autêntica e relevante?
O crescimento e o desenvolvimento artístico tornam-se num exercício contínuo de busca e questionamento, alimentado por estudos, estéticas, experiências de vida, outras músicas e outras artes. Surge a necessidade de enfrentar questões fundamentais como: Onde se insere a minha música? Qual é a minha identidade como compositor? Para quem criamos e com quem crio?
Ao explorar a evolução do processo composicional em diferentes contextos de trabalho, é apresentada uma abordagem eclética, onde a composição é entendida como um campo multidisciplinar, capaz de envolver elementos como dança, vídeo, eletrónica, pedais, cavaquinhos, política, silêncios e ruídos – uma paleta de sons que traduz inquietações e buscas pessoais.
Neste contexto, a verdadeira questão não será apenas “o que significa ser compositor hoje?”, mas “como podemos reinventar continuamente a prática composicional para torná-la significativa no futuro?”.
Laeticia Morais
Separata Inseparável do Mundo
Na região de Jiangyong, no sudeste da China, existiu uma língua confidencial escrita exclusivamente por mulheres desde o século XIV, até a década de 80. Os académicos denominaram-na Nushu (trad. “a língua das mulheres”). O actual governo chinês promove a língua Nushu para hastear uma bandeira mais económica do que cultural, simplificando-a e reduzindo o número original dos seus vocábulos para a adequar a produtos de potencial mercantilização. A cultura das comunidades locais é rapidamente dissipada num postal turístico.
No início de 2024, desloquei-me a Jiangyong para contactar com três das seis mulheres que ainda dominam esta língua, nomeadamente He Yanxin 何豔新 (n. 1939), Hu Meiyue 胡美月 (n. 1963) e Hu Xin 胡欣 (n. 1988).
Dada a repressão política na região, o acesso independente a estas mulheres apenas seria permitido com autorização governamental. Ainda assim, viabilizou-se uma conversa secreta a partir da qual desenvolvi a presente sequência de imagens e de sons, que inclui vocábulos excluídos do Nushu simplificado. Interessa-me observar a ocorrência de fenómenos indisciplinados, sobretudo em contextos opressivos ou de hiper-vigilância; repensar o secretismo enquanto gesto de preservação e emancipação que continua a dissolver-se sob formas actuais de censura. As mulheres de Jiangyong perderam os seus códigos visuais em função de um poder nacional e arbitrário.
Esta investigação artística não aspira ser uma documentação poética da língua Nushu, salvo sublinhar tensões entre a mercantilização da cultura e a continuidade desta.
Este projecto tem o apoio à Criação em Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian.
Bruno Pereira, ESMAE | i2ADS
Uma voz-corpo em relação com intuição e impulso
Assumamos o princípio, que me é fundador, de que não é possível escrutinar o universo da performance, da improvisação e da ação de uma voz-corpo fora da sua própria prática. A partir da minha prática artística debaterei a intuição e o impulso como base de construção de uma experiência transformadora, de uma relação entre a voz e o corpo de onde esta emerge. Tratarei de uma voz que se movimenta entre a intangibilidade do pensamento, a ação transformadora da memória e a ressonância de um corpo que se move, livre, dentro dos seus próprios limites físicos.
A voz será assim discutida como um dispositivo de interação estética, um dispositivo expressivo, uma voz-intuição no âmbito das práticas performativas contemporâneas. Será defendido que o caminho para uma vocalidade e performatividade orgânica é conquistada, em grande medida, pela construção de intuição por via de um processo de expansão experiencial. Esta apresentação conduzirá a uma reflexão que estabelecerá uma ponte entre um processo de criação e o seu desdobramento em ação performativa.
José Quinta Ferreira
A Produção Cinematográfica de Longas-metragens e Séries de Ficção na Região Norte de Portugal - Subvenções para um estudo sobre práticas, estratégias e sustentabilidade.
Linha de Investigação:
Estudos audiovisuais. Discursos, objetos e sujeitos da comunicação audiovisual
Resumo da Investigação:
A tese mapeia e analisa o cinema de longa-metragem e as séries de ficção produzidos na região Norte de Portugal entre 1990 e 2020, visando propor novas dinâmicas de gestão e sustentabilidade suportadas na implementação de políticas adequadas, de forma a consolidar o aumento da produção de cinema e audiovisual na região.
José Alberto Pinheiro
Imagem e Tecnologia – Uma História de Violência
Adentrando as relações entre imagem, violência e tecnologia no início do século XXI, analisamos eventos marcantes como os atentados de 11 de setembro e as imagens de Abu Ghraib, que redefiniram a representação da violência.
Destaca-se o impacto da cultura digital, onde a democratização da criação de imagens e a ascensão de ferramentas como o iPhone esbateram fronteiras entre a produção e o consumo de media, encaminhando-nos posteriormente para uma discussão sobre o desafio ético trazido pela inteligência artificial e pelo deep fake, que ameaçam a autenticidade e a criatividade humana, exigindo uma reflexão crítica sobre os limites e implicações desta nova era tecnológica.
Dimitris Andrikopoulos, ESMAE | CESEM
Tradição e contemporanidade. Uma abordagem pessoal através de duas obras recentes.
Ao longo da história da música ocidental, houve muitos momentos de reavaliação da função da música tradicional dentro da prática composicional. Esta apresentação aborda duas das minhas obras mais recentes, de certa forma muito próximas, o meu Concerto para Guitarra Portuguesa e Orquestra e o meu Miroloi IV para Guitarra Portuguesa e Orquestra, obras em que tento refletir sobre temas como a música tradicional Grega, a criação musical contemporânea neste momento histórico e a minha interpretação sobre a forma como estas podem ser combinadas dentro do meu trabalho.
Nuno Peixoto
Projeto Raízes - Canções Feirenses: uma proposta de expansão interdisciplinar
Em 2016, na Academia de Música de Santa Maria da Feira, surge o projeto 'Raízes - Canções Feirenses', com o objetivo de revitalizar o património musical local e integrá-lo no atual contexto musical e educativo. Este projeto propõe uma expansão interdisciplinar integrando disciplinas como Análise e Técnicas de Composição, História da Música e Classes de Conjunto. O objetivo central é a recuperação do património musical popular e erudito do passado das terras de Santa Maria1, adaptando-o às práticas performativas atuais das instituições de ensino - “requalificação”.
"Raízes - Canções Feirenses" promove o desenvolvimento de competências essenciais como o pensamento crítico, a colaboração, a comunicação e a criatividade. Ao proporcionar o contacto dos alunos com a música das suas origens, o projeto fortalece a identidade cultural daqueles e valoriza o património musical local, tornando a aprendizagem mais significativa. Desafiando os alunos a descobrir e refletir sobre o passado musical da sua região, o projeto evoca a importância do trabalho de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça na recolha do Cancioneiro Popular (1981). "Raízes - canções feirenses" procura, assim, descobrir, proteger e divulgar a riqueza musical local através da recolha, publicação e apresentação pública, envolvendo jovens músicos orientados por uma equipa técnica multidisciplinar.
Ângela da Ponte, ESMAE | CESEM
Band on the Balcony – new sonorities, enriched communities
O ano de 2016 foi um ano de transformação pessoal. Depois de dois anos a viver no Reino Unido, regressei a Portugal para lecionar no Conservatório de Vila Real, onde já era professora de composição. Em julho defendi o meu doutoramento pouco tempo antes da estreia de “Banda à Varanda”, um projeto onde senti uma energia de “welcome home”. Foi neste Conservatório que conheci a Eduarda Freitas, o Luís Santos, o Valter Palma e o Fábio Videira, pioneiros de tanta coisa. Este projeto era uma das muitas grandes ideias que estavam para vir. Depois de dois anos intensos de composição de música electroacústica, voltar ao básico pareceu-me refrescante.
Concebida por Eduarda Freitas e Luís Santos, a “Banda à Varanda” esteve integrada no projeto Mátria - Uma Ópera para o Douro e foi composta por várias bandas filarmónicas da região de Trás-os-Montes. O conceito principal para a estreia consistiu em ter músicos espalhados pelas várias varandas do centro da cidade de Vila Real, onde tocaram música original composta por mim e pelo Fábio Videira, aliada a elementos teatrais. Este concerto foi, na altura, promovido pela Câmara Municipal de Vila Real e pelo Teatro de Vila Real.
É uma altura fascinante para escrever para este tipo de grupo instrumental. Os grupos instrumentais amadores sempre foram um fator positivo de integração, comunicação e felicidade entre as comunidades. Para além deste fator sociológico, para muitas crianças pode ser a plataforma mais segura de experiência e educação musical. Mas também é sabido que as bandas filarmónicas têm um repertório específico que está ligado às suas funções principais: festas da cidade que incluem hinos musicais, marchas, serviços religiosos para peregrinações e, por vezes, serviço litúrgico. Para muitas bandas filarmónicas a música contemporânea é algo radical e extravagante. No entanto, com o passar dos anos, esta ideia está a desaparecer lentamente.
O nosso objetivo com este projeto é partilhar as nossas experiências e conhecimentos adquiridos através da colaboração com várias bandas filarmónicas locais. Desde a sua estreia, a “Banda à Varanda” tem actuado em diversos locais, desde varandas de rua a teatros e igrejas. A composição de música para músicos amadores, em colaboração com o também compositor Fábio Videira, apresentou desafios únicos que muitos compositores poderiam evitar. No entanto, estes desafios acabaram por enriquecer a partitura, resultando num formato impactante e refrescante.
Com este trabalho, pretendemos acrescentar valor às comunidades participantes através da introdução de novas sonoridades que não se encontram tipicamente no repertório das bandas filarmónicas, fomentando a apreciação de composições contemporâneas. Adicionalmente, esperamos contribuir para o campo académico, partilhando as técnicas e estratégias de composição que facilitaram um melhor fluxo de trabalho neste meio.
Rui Dias
TRADIGITAL – Sinopse
O projeto TRADIGITAL parte da intenção de aliar a herança cultural da sonoridade dos instrumentos de origem tradicional às novas tecnologias de criação de novas interfaces de expressão musical e novos instrumentos digitais. Pretende-se com este projeto desenvolver dois protótipos de instrumentos digitais inspirados em instrumentos tradicionais, contribuindo para o desenvolvimento de novos meios para a expressão musical potenciados por tecnologias recentes de computação física, de computação musical e sonora, bem como de novas abordagens e estratégias de interface humano-computador e geração automática de música. Este projeto irá contribuir ainda para o estudo e caracterização de instrumentos tradicionais, através de uma abordagem científica à análise das propriedades acústicas e organológicas dos instrumentos estudados.
Gilberto Bernardes
The Geometry of Equal Temperament
Nesta palestra, exploro a forma como as ferramentas matemáticas melhoram a nossa compreensão da estrutura musical, centrando-me na aplicação da Discrete Fourier Transform (DFT) na teoria musical. Ao mapear conjuntos de classes de alturas no espaço multidimensional da DFT, propriedades como a simetria, a distância e a direção revelam geometrias de interesse analítico e composicional. Examinarei a forma como vários espaços DFT fornecem informações sobre as relações entre objectos musicais, incluindo consonância, ambiguidade e qualia, através de estruturas de alturas de temperamento igual. Esta palestra faz a ponte entre as propriedades geométricas destes espaços e os princípios musicais perceptivos e teóricos, oferecendo, em última análise, uma perspetiva sobre a análise e conceção de sistemas harmónicos.
Nuno Pinto
A Mediação da Criação.
O virtuosismo nasce muitas vezes de um conflito, de uma tensão entre a ideia musical e o instrumento. (Luciano Berio, 1998)
Uma partitura musical é apenas o ponto de partida para o performer. Ela fornece-lhe um esqueleto, que ele deverá fazer viver através do som. Este é um dos aspetos fascinantes da música, onde o resultado deste processo criativo pode ser tão variado com músicos diferentes e em situações diferentes. (Gabrielsson, 2005).
Ema Ferreira
Deparamo-nos hoje, no meio da arte digital, com algo que poderíamos apelidar de um certo fetichismo tecnológico. No que diz respeito às obras audiovisuais interativas, público e autores deslumbram-se com a excelência e complexidade técnica, colocando a relação com a obra num plano secundário. Espelho disso será o foco no sistema computacional por parte da literatura, que tanto contribui para fomentar o desinteresse estético. Perante isto, surge a necessidade de compreender as metáforas que dão vida a estes objetos artísticos, de compreender como podemos ir além do fetichismo tecnológico na criação e de expor como a estética tem de estar, no mínimo, lado a lado com a técnica. "Para lá da tecnologia na obra audiovisual interativa: compreender as metáforas que lhe são inerentes" é um projeto de mestrado que se concentra nestas questões e que, enquadrado como pesquisa artística, culmina na criação de tree-dimensional: uma instalação audiovisual interativa que nasce da observação e do registo fotográfico regular de uma árvore ao longo de um ano, e na composição de ativações performativas para a mesma. Ou, metaforicamente: culmina numa caixa de música que enche o espaço e nos convida a passar tempo com uma bailarina cheia de ramos, folhas e raízes.
Marco Moura
Este projeto artístico em composição baseia-se no uso das composições de tabla como elemento de exploração para a criação de composições de jazz contemporâneo. O processo de escrita das obras foi acompanhado pelo processo de estudo da tabla indiana sob a orientação do mestre Subhajyoti Guha, artista renomeado e pedagogo de Calcutá, Índia.
O projeto faz uma breve introdução à tabla como instrumento, a sua história, o seu contexto, os seus aspetos técnicos, sons e algumas composições solísticas para o instrumento recolhidas a partir de registos das aulas desde 2022. As composições de tabla são acompanhadas por um registo de vídeo e um registo escrito disponível em anexo.
Após esta contextualização são expostas as composições resultantes deste processo de pesquisa artística e de que forma as variações das composições de tabla influenciaram o processo de escrita.
Catarina Ribeiro
Form(a)ção Criadora - Calendulário ou uma experiência morfológica de criação musical
Formação Criadora expõe o processo de criação de uma obra musical original, Calendulário. Este processo teve como inspiração o pensamento morfológico descrito por J. von Goethe em A Metamorfose das Plantas. É neste texto que encontro uma reflexão analítica e poética, por parte do autor, daqueles que são os princípios criadores que vivem no lugar entre a fixação da forma e a acção que a desenvolve. Pretendo, então, elencar, detalhar, aplicar e experienciar os aspectos da metamorfose neste processo criativo. Para a elaboração deste trabalho, parto de quatro vias teóricas, que compreendem o organicismo e unidade na música, o pensamento morfológico de Goethe, o fragmento literário de Schlegel e a escuta meditativa de Miguel Ribeiro-Pereira. Estes quatro momentos configuram as sementes teóricas que orientam a revisão poiética de Calendulário.
Marco Pereira
Procurando problematizar a separação sujeito-objeto entre o ser e o Tempo-comum materializado pelo relógio, esta comunicação pretende diluir essa separação, encontrando nela nada mais do que a relação. Assim, deixa de existir uma separação entre o ser e o tempo, consagrando-se assim o Tempo-relacional que, no ser-uns-com-os-outros em partilha, dá origem, através da improvisação, a obras composicionais.
João Ferreira
A Importância de Retroceder: uma retrospetiva para a mudança de paradigma
É comum o objeto artístico pressupor uma visão elencada no futuro, no sentido em que o ato de criar nos coloca num estado de confronto para a inovação e superação. Como? Retroceder, é nesta comunicação o ponto de partida para avançar. São identificadas decisões que permitem a mudança de paradigma no campo do processo composicional e reflete-se sobre a construção de uma identidade que tem origem no eixo intérprete-obra, e que resvala ao longo do percurso académico. Nesse período de formação, urge a descoberta desenfreada, que consome todo o tempo e que dificulta a reflexão para a sistematização e aperfeiçoamento dos processos composicionais. A demanda em reconhecer o objeto artístico como autónomo é alimentar que as ideias são a mediação. É alimentar a vontade de fazer.
Ruben Borges
Práticas Colaborativas de Composição Aplicadas
Choir of One: Um caso de estudo
No panorama da música contemporânea, os papeis de compositor e interprete têm-se dissolvido um no outro. Esta palestra ir-se-á focar, numa peça recentemente criada intitulada — “Choir of One” para soprano, eletrónica e vídeo. Primeiramente, irá ser feito o seu enquadramento dentro da “The New Discipline” e do Teatro Musical. Em segundo irão ser apresentados os vários processos colaborativos de composição. Por último, falar-se à das várias problemáticas desta prática: autoria, notação, problemas de reprodução e intimidade.