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Publicado em: 31 Maio 2021

Diálogos da Teoria

ESQUIZOFONIA, 2, 3 e 4 de junho (via ZOOM)

Uma viagem, em três atos, em torno das políticas contemporâneas da escuta 

[Esquizofonia, sub. fem., é um neologismo proveniente de uma hipotética doença mental complexa, encontrada na população mundial na 2ª metade do séc. XX, evidenciada com mais notoriedade já em pleno séc. XXI, e caracterizada por um certo tipo de incoerência e desnorte produzido no ouvido e cérebro humano, por este entrar em colapso com o mundo exterior, dada a sua vulnerabilidade e submissão permanente a estímulos sonoros sedutores. Este testemunho, por razões advindas da nossa exclusiva responsabilidade, não condiz com o termo cunhado por Murray Schafer que, no último cartel do séc. XX, o expôs pela primeira vez, a partir da diferença entre o som ouvido e o mesmo som gravado]. 

Entre nós e o mundo, colocamos sons e palavras, gestos, dramas e ações que transportam no seu seio um desejo, o de todos podermos viver com a esperança em atenuarmos a redução desse mesmo mundo à sua aparência. 

É essa a razão certa para os sons celebrarem um imaginário que acompanhe as viagens que podemos realizar no mundo, e é essa mesma razão que nos assiste neste ciclo de três viagens – gentrificação, áudio-verme e rumor utópico do som – em torno do que designamos por políticas contemporâneas da escuta. 

A partir de um diálogo aberto entre especialistas de diferentes áreas do saber, daremos nota que neste ciclo [Esquizofonia], a escuta, ferida no seu ímpeto primeiro de abertura ao mundo, é subsumida pela cadência do som-fábrica, que tudo faz para que ninguém preste atenção ao que ouve, quer pelo cansaço, quer pela perda de sensibilidade. 

Este ciclo, no conjunto das ações dos Diálogos da Teoria, inscreve-se num questionamento sobre a actualidade abrasiva dos dias que correm, acionando uma repossibilitação de nós próprios, num fôlego ético e numa ação de resistência artística amadurecida. 

 


Quarta-feira, 2 de junho, 17h30-19h30

Políticas da Escuta (Gentrificação auditiva)

Intervenientes: Maria João Castro, José Paiva e Mário Azevedo

Link zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/86057305859?pwd=Ny8rRjNJejhtZDE2Z216amVCUEY5dz09 

 

Neste mundo globalizado a memória histórica permite perceber quem somos e como chegamos aqui. Ao assegurar esta reflexão sobre a continuidade no tempo e no espaço, a memória histórica contribui para pensarmos o presente enquanto comunidade e de pensar criticamente e projetar o que queremos enquanto sociedade democrática e diversa. [Maria João Castro] 

Eis-nos próximos de uma palavra, de um verbo e de uma ação: necessitamos, por isso, de iluminar o labirinto auricular de cada um de nós num convite à renúncia ao essencialismo sonoro e de lhe criarmos uma resistência que recuse a visão única do mundo dos sons. Importa, por isso, termos presente esse condicionamento a que temos vindo a ser sujeitos, para podermos fazer a crítica do que somos e como estamos. (José Carlos de Paiva e Mário Azevedo) 


Quinta-feira, 3 de junho, 17h30-19h30

Esquizofonia (Áudio-verme)

Intervenientes: Inês Salselas, Daniela Coimbra, Mário Azevedo e Telmo Marques 

Link zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/88519320834?pwd=L1EzYmNERkxPdkxIbkhKNHpOVE96dz09 

 

Se a estrutura cognitiva com a qual experimentamos o mundo se vai moldando, adaptando à sua envolvente, então o nosso "ouvir" dependerá dos estímulos auditivos que nos rodeiam? E se pudéssemos ter agência sobre a envolvente usando essa estrutura cognitiva?... Propõe-se uma viagem pela perspetiva da cognição auditiva para explorar a possibilidade de um ouvido contra parasitas. (Inês Salselas) 

Por vezes uma música intromete-se no nosso pensamento e reproduz-se num loop sem fim. Surpreendentemente a investigação sobre este fenómeno é escassa, mas foram já feitas algumas tentativas no sentido de o clarificar. Tentaremos descrever esses estudos por forma a entender porque é que música “fica na nossa cabeça” e como é que isso acontece? Há músicas mais fáceis de se tornarem audioworms? E como podemos evitá-los? Uma resposta possível será a de cantar outra música, o que poderá ser um alívio. A não ser que essa outra música se cole também a nós…  (Daniela Coimbra)


Sesta-feira, 4 de junho, 17h30-19h30

Silêncio (O rumor utópico dos sons)

Intervenientes: Bruno Pereira e Mário Azevedo

Link zoom: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/82256329332?pwd=d0JQQjRKc1pPaW5LOU5GM3FrdGpuUT09 

  

Trazemos para a viagem final um pensamento utópico sobre a escuta e o som, num exercício inabitual, onde colocamos num frente-a-frente, o laboratório do ouvido de Dziga Vertov(1896-1954) e o ready made sonoro e assistido de Marcel Duchamp ( 1887-1968). 
Da dialética entre a metamorfose percetiva de Vertov e a inquietação duchampiana sobre o poder ilimitado do som, pomos este em cena enquanto articulador de sentido utópico. (Bruno Pereira e Mário Azevedo)


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